Trabalhos colaborativos não são uma novidade neste mundo velho sem porteira.
Várias práticas usam a mídia eletrônica na colaboração de projetos artísticos e culturais, projetos que usam a internet, a telefonia celular, o GPS, as redes wi-fi, dentre outros meios, e conseguem mobilizar um grande número de pessoas para colaborar, a produzir e a ter um posicionamento ativo na rede.
Na web, usamos a "nova"mídia de uma forma antiga: acessamos a internet como se estivéssemos lendo um livro, ouvindo um rádio ou conversando num café. Não a estamos usando, achamos que já conhecemos sua forma, e deste modo estamos confortáveis com o que sabemos dela. É como se estivéssemos sempre olhando através de um retrovisor, em vez de olhar para a frente.
Para que estas tecnologias funcionem a nosso favor, precisamos estar preparados para usá-las e a ser parte delas. Além de receptores, podemos ser produtores de informação.
Muitos projetos colaborativos já eram utilizados antes da internet e do celular:
FLUXUS e MAIL ART
O movimento Fluxus se baseou na formação de redes e na participação coletiva. Começou como um meio de troca de informação, depois virou um movimento de arte (música, performance, vídeo e arte conceitual). Havia festivais de performance fluxus, em que artistas faziam trabalhos experimentais. Era forte nos E. U. e na Alemanha, mas existia também em outros países europeus e no Japão. Como eram happenings, a audiência era participativa.
As redes criadas por fluxus conectavam sua comunidade internacional por telefone, fax, satélite, cartas, etc. Suas exibições não eram julgadas previamente e toda arte recebida deveria ser exibida.
Em meados dos anos 50, um americano começou a mandar seus trabalhos de design gráfico para muitas pessoas do meio artístico. Era o mail Art. Ele criou uma lista postal para distribuição de trabalhos, e daí formou uma comunidade artística em rede a que chamou de "N.Y. Correspondance School", (com um a em correspondence, para ficar como performance). A comunidade de artistas mandava trabalhos entre si, e assim intervinham e assimilavam o trabalho de formas diferentes.
Em 1971, um manifesto chamado NET foi publicado: era uma convocação de artistas para uma exposição não-comercial e não-hierárquica. Um dos pontos era que "A NET pode ser arbitrariamente desenvolvida e copiada" (isto já era uma forma de propagação de licenças de copyleft em arte).
Em suma, Fluxus e Mail Art estavam baseados na transformação, na experimentação, no uso de tecnologia, na criação de uma comunidade global, na temporalidade. Todos os projetos colaborativos artístico-culturais na internet foram incentivados por estes movimentos.
GUERRILLA TV
Começou no final dos anos 60 para democratizar a televisão. Objetivo: dar acesso às pessoas a produzirem programas de tv. Aconteceu nos E.U. quando a câmera de vídeo diminuiu de tamanho, ficou mais barata e quando algumas cidades foram interligadas por tv a cabo. Era um ponto de partida para uma mídia aberta e acessível.
Havia uma base política e comunitária. Estes produtores trabalhavam com direitos humanos, mas a maioria da população ficou de fora. O público era de universitários e de grupos da contra-cultura.
Depois vieram as rádios comunitárias, usando freqüências Fm e Am, difundindo programas pela e para a comunidade, um espaço aberto sem fins lucrativos e não-comercial, dando à comunidade o direito de falar e reclamar.
Hoje em dia também existem na rede as "net-rádios".
Exemplos de projetos abertos à colaboração do público:
Wikipedia (http://www.wikipedia.org/ )
Yellow Arrow (www.yellowarrow.net/ )
Vimeo (http://www.vimeo.com/ )
Youtube (www.youtube.com/ )
Flickr (http://flickr.com/ )
Fotki (http://www.fotki.com/ )
Mirror Project ,
Delicious (http://del.icio.us/ )
Recombo,
Mundo al revés,
Impossíveis,
Freesound,
Esc for scape.
WICKIPEDIA
Enciclopédia colaborativa online feita por voluntários com um número muito maior de artigos do que a Britannica e a Encarta. Alguns dos colaboradores são eleitos pela comunidade como administradores para manter o nível dos artigos.
DELICIOUS
Para organizar e guardar sites, compartilhá-los, colocando-os disponíveis a outros. Há categorias segmentadas por palavras-chave e etiquetas.
GLOBAL YELLOW ARROW
Projeto de intervenção urbana, em que os participantes são convidados a colar um adesivo de uma flexa amarela em lugares que lhes interessem. Podem mandar mensagens pelo celular com fotos de onde colocaram a flexa, e enviam-na como documentação para o site.
A função do Y.A. é apontar coisas e/ou lugares que chamem a atenção, que tenham algum significado. Desta forma as pessoas são encorajadas a prestar atenção em locais que normalmente nem notariam.
FLICKR e FOTKI
Sites que possibilitam uma livre publicação, distribuição, compartilhamento e arquivo de fotografias na internet. Projetos como estes facilitam a procura através de etiquetas, álbuns, links. São uma nova forma de informar visualmente, através de fotografias em sua maior parte, porém amadoras, mostrando o dia-a-dia.
YOUTUBE e VIMEO
Projetos similares a Flickr e Fotki, mas com vídeos. São sites que proporcionam um espaço para a divulgação e armazenamento de vídeos na internet.
Sem dúvida há uma banalização cultural, sem uma experiência formativa mais consistente, reduzidas a uma estética utilitária, fragmentada e pueril, em grande parte das vezes .
Mas a rede é um novo meio de comunicação, de rearticulação de processos, facilitando a cooperação e o compartilhamento. O usuário passa a responder online aos estímulos, recriando-os, como um roteador, pois não é mais um elemento em linha, mas em paralelo.
Agora também há um site que quer mudar a forma de como nos relacionarmos com os livros: o Booklamp.
Basicamente é um sistema de recomendação de livros. Você entra com o nome da obra, o sistema vai recomendando outras obras de acordo com os seus hábitos de leitura. A Amazon tem este sistema, mas o Booklamp tem um grande diferencial: os critérios são mais subjetivos e menos mecânicos. Entram nas preferências o estilo da escrita do autor, as características e os diálogos entre os personagens, a ambientação, etc.
Só existem 180 livros catalogados e em inglês. Mas já é um começo promissor.
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